Dedicado a Juvêncio de Arruda. Para quem Belém, pelo abandono, pela incivilidade pública, pela destruição sistemática da esperança de cidadania - embora ele lutasse permanentemente por ela - deixou de ser Santa Maria de Belém do Grão Pará.

Pois é, Juca querido. Por aqui, só mais do mesmo: desvarios administrativos, locupletação do espaço público, as quadrilhas, todas,  em campo, sem temor nem pejo.

 

Nunca mais vim por aqui, porque depois da súbita raiva e saudade que me fizeram criar estes monólogos, fui ficando ensimesmada e envergonhada pois não há como homenageá-lo, ainda que eu seja muito presunçosa.

 

Vim hoje porque a saudade foi maior do que a vergonha e depois de ler no Quinta várias notas suas, deu uma enorme vontade de resmungar. Resmungar aquele começo: por aqui, só mais do mesmo.


Beijão.

 

 

E uma canção pra ouvir aí em cima.

 

 

 
publicado por Adelina Braglia às 18:01 | link do post

 

 
Quem tiver passado por Manaus nos últimos quinze anos, em momentos diversos, acompanhou a notável melhoria da capital amazonense. Eu, por motivos variados - profissionais e de lazer - tenho vivido essa experiência. E a cada volta noto essa melhoria.
 
Como no mesmo período, apesar dos esforços, Belém não conseguiu a mesma façanha, penso ter utilidade fazer algumas comparações e reflexões.
 
Manaus tinha conseguido resolver o problema do comércio de rua, que desgraça Belém, tornando-a uma cidade, para ser complacente, com um centro (downtown, como dizem os guias de viagem) medíocre. Em Manaus o problema está voltando, nas imediações do porto principalmente, que está mais ou menos como a calçada em frente ao Seminário Teológico Batista Equatorial daqui de Belém (para quem não consegue mais ler o letreiro ou dele não se lembra, fica ao lado do Shopping Castanheira, na saída - ou entrada - da cidade que já foi a Metrópole da Amazônia, embora o saudoso Juvêncio Arruda, no seu vivíssimo Quinta Emenda, registre outro apodo, Merdópolis). Nesse quesito as duas estão empatadas ou empatando. Pior para as duas.
 
Alguns anos atrás, quando Manaus começou a concentrar a população do Amazonas, teve quem fizesse cara de horror. Atualmente, Manaus concentra cerca de 51% da população do Amazonas e Belém tem apenas algo como 19% da população do Pará. Desse simples dado puramente demográfico resulta uma consequência política importante, pois o eleitorado varia na ordem direta da população (os eleitores correspondem mais ou menos a metade da população total). Vai daí que Manaus tem um peso político relativo - em termos eleitorais pelo menos - 2,7 vezes maior que o de Belém, e isso faz uma grande diferença. Assim, o que parecia um problema - a concentração da população do Amazonas em Manaus - tornou-se uma solução. E que solução. Concentrando a população em Manaus, graças ao sucesso do Polo Industrial - o único que vingou da Zona Franca de Manaus, pois o Polo Agropecuário e a Zona Franca propriamente são quase virtuais - a pressão sobre o bioma amazônico no Amazonas é mínima, comparado com o que acontece no Pará. Dir-se-á que é uma solução artificial e dependente exclusivamente do Polo Industrial, o que é verdade. Quando o Polo Industrial gripa - como agora, na crise - Manaus tem pneumonia. Por isso o empenho sincero e quase desesperado de todos em favor da manutenção da Zona Franca e a aposta na Copa do Mundo, da qual resultaria, acredita-se, um impulso definitivo para o turismo - que está alguns furos acima do Pará - o que seria uma alternativa para a dependência excessiva do Polo Industrial. Manaus pretende seguir os passos de Barcelona e fazer o seu próprio revival, como nos bons e áureos tempos da borracha, a bonanza cauchera que deixou suas marcas em Iquitos, Manaus e Belém.
 
Com poder político, Manaus é, efetivamente, uma capital, de população já maior que Belém (1,7 milhão daquela contra 1,5 desta). Capital deriva de caput, capitis (terceira declinação). Caput quer dizer a extremidade superior ou mais importante de alguma coisa. Assim, capital é uma cidade superior ou mais importante dentre outras, com capacidade de liderar, dirigir, conduzir, apontar rumos, pensar. Manaus tem essa capacidade. Belém tinha, mas está perdendo, tornando-se uma cidade sem cabeça, descabeçada, desmiolada mesmo, e os exemplos disso são cotidianos, estão à vista de qualquer um que tenha olhos para ver e não se dê à demagogia ou ao populismo. Não espanta, pois, que sua liderança seja contestada a Sul e a Oeste do Estado, não sem razão. Manaus é hegemônica e sua liderença não sofre contestações ou impugnações. Por isso mesmo enquanto o Pará enfrenta dois movimentos secessionistas no Amazonas isso simplesmente não é tema que ocupe ou preocupe ninguém
 
O orçamento geral do Estado do Pará para este ano de 2009, que está terminando, é de exatos R$10.859.396.377,00. O do Amazonas é, para este mesmo ano, R$8.016.719.000,00.
 
Considerando as respectivas populações (7,4 milhões de habitantes para o Pará e 3,4 milhões de habitantes para o Amazonas), tem-se que a receita pública do Pará é R$1.461,36 por habitante/ano , enquanto a do Amazonas é R$2.399,43 por habitante/ano.
 
O Produto Interno Bruto - PIB per capita do Amazonas é R$13.043,00 e o do Pará é R$7.007,00. Os números são eloquentes.
 
Comparado com o do Pará, o governo do Amazonas dispõe de 64% a mais de recursos públicos para gastar com cada um de seus 3,3 milhões de habitantes. Não é de espantar que as escolas de Tabatinga estejam bem pintadas, tenham jardins bem cuidados, os seus alunos usem uniformes com as marcas de um programa estadual (aliás, a SEDUC do Amazonas é de educação e qualidade do ensino) e os barcos para transporte escolar sejam encontrados com muita frequência ao longo do rio Solimões. Os recursos são bastante e suficientes para cuidar bem de Manaus - a cidade está construindo seu décimo elevado, enquanto Belém tem apenas um e meio e mais aquela coisa ali no Entroncamento - e o cobertor não fica curto para atender também a metade da população do Estado que vive nos demais Municípios.
 
O PIB per capita do Amazonas é 86% maior que o do Pará, o que não é pouca coisa. E os resultados disso não podem ser negligenciados, embora isso não signifique que o Amazonas é um mar de rosa. Mas significa que o Pará está bem mais empobrecido que o Amazonas.
 
Não espanta, assim, a desenvoltura do governo do Amazonas em certos temas, inclusive os relacionados ao desenvolvimento sustentável. Vis-à-vis, enquanto o Amazonas tem a seu dispor um elenco de soluções para seus problemas, o Pará tem um elenco de problemas a desafiar soluções, cada vez mais impossíveis enquanto se mantiver essas relações adversas (baixa receita pública per capita e baixo PIB per capita).
 
Para agravar essas comparações adversas ao Pará, este tem ainda a seu desfavor um modelo neoextrativista centrado em minérios destinados ao mercado externo, que gera escassos efeitos econômicos internos - e abundantes efeitos social e ambientalmente adversos - enquanto no Amazonas nem mesmo a extração de madeira produz os mesmos efeitos adversos e o gás de Urucú é em boa parte destinado ao mercado interno e isso gera efeitos econômicos positivos.
 
Também por isso não espanta que sucessivos governos paraenses não consigam encontrar soluções para os graves problemas do Pará e que estes dados aqui mostrados sejam cuidadosamente evitados por todos os candidados, nas épocas eleitorais, e pelos governantes, depois delas.
 
O resultado disso tudo é que os paraenses nos tornamos prisioneiros da nostalgia e da esperança, renovadas a cada dois anos nas eleições gerais e municipais, quando o marketing eleitoral nos oferece soluções. Mágicas, pois não enfrentam o problema do raquitismo da receita pública e da pobreza do PIB per capita. Não por acaso temos um marketing político muito bem sucedido e premiado. E o orçamento apenas da Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado (62,7 milhões de reais) representa quase 0,6% da despesa pública total (a Constituição do Estado limita esses gastos ao máximo de 1% da respectiva dotação orçamentária de cada Poder).
 
Ao que parecem indicar esses números, romper com a nostalgia e com a esperança - e com a apatia - é o primeiro passo a dar se quisermos mesmo começar a resolver os problemas nossos, sem precisar esticar olhos compridos para o vizinho Amazonas, com ele aprendendo a transformar problemas em soluções.
 
publicado por Adelina Braglia às 04:40 | link do post

 

 

O Prefeito Duciomar Costa, detentor de nove ações públicas e duas recomendações do Ministério Público Federeal e treze processos no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará, está cassado. 

 

Ele vai recorrer. Seus interesses espúrios - eleitorais e financeiros - são enormes.

Mas, a sentença do juíz não deixa dúvidas sobre a seriedade das acusações. Nem nós as temos.

 

Este é um belíssimo sábado.

 

Saravá, Belém.

 

Axé, Juca querido.

 

publicado por Adelina Braglia às 08:31 | link do post

 

Li agora pela manhã no Blog de Notas de José Serra seu pronunciamento na inauguração do Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo, dia 25 de junho passado.
Em meio à apresentação do Instituto e da justificativa para a homenagem a Herzog, o Governador de São Paulo fala do significado do assassinato do jornalista pelo DOI CODI e porque isto se destacou das constantes e violentas ações da repressão mesmo no governo Geisel. Disse o Governador:


Por certo, as coisas não mudaram de um dia para o outro: as detenções arbitrárias continuaram, as agressões e torturas contra presos políticos também, prosseguiram os assassinatos, mas o imenso clamor provocado pela morte de Vlado ajudou a quebrar a espinha dos setores mais radicais do regime e, assim, a manter vivo o lento processo da abertura programada.

(...)
A reação da sociedade em conseqüência desse assassinato, que teve, com a presença de muitos no enterro e no culto ecumênico da Praça da Sé, seu primeiro grande ato público, mostrou que era possível fazer oposição e lutar por democracia de modo pacífico, quase silencioso, como o exigia o sentimento de luto. Mas, ao mesmo tempo, era uma oposição corajosa, firme e clara nos princípios que defendia e na condenação a qualquer forma de violência como instrumento de ação política.

(...)
 
Afável, de modos tranqüilos, quase sempre sorridente, Vlado não tinha nada do agitador, do polemista, do líder autoritário. Essas características marcantes de sua personalidade contribuíram para ampliar a repulsa moral ao regime. Não haveria mais recuo possível: se Vlado, um homem sereno e sensato, cuja única arma era a palavra, tinha morrido vítima da repressão, ninguém poderia se sentir seguro, pois restara evidente que não haveria limites para a violência.

O ato na Sé mostrou que havia espaço para uma oposição moral, intelectual e política ao regime militar, que essa oposição expressava os sentimentos da imensa maioria moderada e democrática, e que seria tanto mais eficaz quanto mais ampla e mais pacífica fosse, superando as divisões ideológicas, sem perder a firmeza e a clareza do objetivo comum: a volta à democracia.”
 
Quase como uma idéia fixa e sem medo de usar a comparação,  penso: onde anda a nossa “ oposição moral, intelectual e política” cadê os “sentimentos da imensa maioria moderada e democrática” de Belém que permitem o assassinato diário da cidadania perpetrado pelo Prefeito Duciomar Costa?
Ou será que não é mesmo comparável a reação da sociedade ao assassinato de Herzog como limite impossível de transpor ou ignorar na  conivência com o arbítrio? O assassinato persistente, cotidiano, da cidadania, o massacre de mais de um milhão de pessoas nas filas dos PS e postos de saúde, perdidos na desordem e no caos de uma cidade que não se reconhece como tal, não é uma vertente da luta democrática? Quantos mais, anônimos e rapidamente esquecidos, vão morrer?
Na semana passada, com a resistência de alguns vereadores, o Prefeito fez aprovar na Câmara o “bônus do ISS” para os empresários de ônibus. A desinformação dos que mais sofrem aliado ao desprezo da elite e ao silencio das nossas acolchoadas "camadas médias" ampliam o sofrimento do povo e têm facilitado sempre as ações perniciosas da Prefeitura de Belém e esta teve um gosto amargo de acinte ao desumano serviço que os beneficiados “prestam” à população.
Como ato cínico desta ópera bufa ontem pela manhã um (não, não é eufemismo, era um só) solitário uniformizado da CTBel, munido do seu apito, mandava que os ônibus encostassem na guia no Ver-o-Peso para pegar e deixar passageiros! Essa é, certamente, a contrapartida para a população, pelas benesses concedidas às empresas. O empastelamento de todas as noções de direitos e deveres!
Recentemente sonhei com o dia, que presumia não estar tão longe, em que,  antecipando democraticamente a eleição, seríamos capazes de demonstrar “oposição moral, intelectual e política”  a esse cinismo amplo, geral e irrestrito do Prefeito de Belém. Mas, esses valores não estão disponíveis em quantidade suficientemente na praça de Belém. Na praça de Belém estão disponíveis em grande quantidade a omissão, a cegueira, a surdez e a anestesia moral.

Não, não vou ressalvar as “honrosas exceções”. Cada um sabe quem e o que é.

 
publicado por Adelina Braglia às 07:13 | link do post

 

Despeço-me do Pará, neste tempo que me falta para ir embora, numa simbólica diuturna despedida de Belém. Faço isso sem mágoas, mas com alguma tristeza.
Desencarno vagarosamente das pessoas cansadas que dividem comigo o desconforto do péssimo transporte coletivo. Das que se aboletam nas ruas esperando o ônibus, porque a calçada está tomada por barracas, por táxis e carros particulares que fazem dela seu estacionamento. Despeço-me da tão decantada e falsa alegria do nosso povo e do gosto do açaí e do cupuaçu.
Despeço-me de Belém, dia após dia, e os contornos da tristeza se definem pela constante e desesperançada ausência de cidadania.
Passeio meu olhar pela cidade, nos trajetos que tão bem conheço e não reconheço neles mais a cidade onde um dia quis vir morar. Cada esquina, cada rua, cada praça, parecem perder-se do conjunto daquilo que conformaria uma cidade, se ela assim quisesse ser.
Quando a vi pela primeira vez, numa véspera de ano novo em 1976, tive a impressão de ver uma adolescente. Maldosamente sensual e angelicamente indefesa. Mas a Belém que enxergo hoje parece mais com uma decadente senhora, cujos encantos foram sugados pelo tempo, cujas plásticas não surtiram efeito e em quem as aplicações de botox foram desfeitas.
Quando saio deste devaneio sei que Belém nunca foi uma adolescente, nem é uma senhora decadente. Essa imagem suaviza a verdade: esta é uma cidade abandonada à própria sorte, amaldiçoada pela elite mesquinha que a suga e entregue a um indefinido destino pelas desventuras de quem a habita no andar debaixo.
Das janelas de Belém diviso o Pará - diverso, heterogêneo – e recaio na imagem comparativa de um homem, já não mais tão jovem, e fica impossível imaginar coisa melhor para descrever este Pará de hoje do que os versos de Ruy Barata:
Saberás quem somos
pela ausência da voz,
pelo rio envelhecido
e na fadiga das frases dissipadas.
Diante de ti a nudez falará por nós
pois as dádivas e sonhos dispersamos
e as mãos vazias dissiparam o tempo.
A fêmea e a cidade conquistamos,
mas do Invisível
a rosa que colhermos será sempre
viçosa e fresca sobre a nossa tumba.
Somos da terra o sal
mas nem sabemos
e deitados na Parábola morreremos
na primavera das palavras novas,
no segredo que faz nossa alegria.
Estrangeiros na pátria que elegemos
vazios do santo amor,
pobres da Graça,
a saudade da hora não cumprida,
a tristeza do rei que inveja o escravo.
 
 
PS: este vai também para o Travessia.
publicado por Adelina Braglia às 23:46 | link do post

 A pergunta básica é a mesma – em que cidade você está. As situações é que variam:

  

1 – Você está no ônibus. Uma Van clandestina dá uma “fechada” no seu coletivo e o motorista desvia três quarteirões do trajeto regular para perseguir o outro:

 
( ) Aracajú
 
( ) Florianópolis
 
( ) Capinas
 
( ) Belém
 

2 – As pessoas se desesperam no meio-fio, correndo riscos de atropelamento, para que o ônibus veja seus acenos e ele segue, impávido, em frente:

 
( ) Rio de Janeiro
 
( ) Belém
 
( ) Sorocaba
 
( ) Niterói
 
 

3 - No Posto de Saúde lhe recomendam que vá ao Posto de outro bairro, para ver se consegue a medicação que precisa:

 
( ) Belém
 
( ) Brasília
 
( ) Cuiabá
 
( ) Porto Alegre
 
 

4 – O "cidadão"  decidiu que sua garagem não cabe no seu terreno e avança sobre a calçada:

 
 ( ) Varginha
 
( ) Blumenau
 
( ) Belém
 
( ) Porto de Galinhas
 

5 – Houve uma eleição. Alguém foi eleito Prefeito e só é encontrado na televisão:

 
 
( ) Belém
 
( ) Sucupira
 
( ) Sucupira
 
( ) Sucupira
 
 
 Não, não é um teste difícil. Mas,  não se entusiasme. Seu QI ainda precisará de outras avaliações. Tipo QC (de cidadania), QP (de paciência) e QQEI (que-que-é-isso!)
 
 
publicado por Adelina Braglia às 08:59 | link do post

O som do silêncio embala falcatruas, desobediência institucional e patranhas contra o povo de Belém.

 

Penso sempre, enquanto outras questões não intervém neste caos, numa campanha cívica, permanente, persistente e resistente, que poderia fazer com que nós nos sentíssemos menos sozinhos nesta Belém destruída pela incúria, para ser educada.

 

Na música de Simon e Garfunkel, há pistas, mais tênues do que a nossa realidade, mas há:  indicativos da necessidade de romper o som da aquiescência, para podermos identificar os iguais, aqueles que às vezes conversam sem falar. Os que se indignam, os que têm alento e condições para impedir, quando possível, que não sejamos parceiros do silêncio.

 
Caramba! É ingênuo, eu sei. Mas, uma fita branca na antena do carro, uma fita branca na lapela, uma fita branca no pulso das crianças , dos jovens, dos adultos, uma toalha branca na janela. Não basta. Mas faria bem caminhar por Belém ouvindo o sussurro que rompe o  silêncio.

 

Obama fez um vídeo sugestivo sobre a necessidade de romper o silêncio. Só porque ele é da matriz, não vamos nos acachapar! 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:51 | link do post

 

Nada ainda mais concreto sobre a ação popular contra Átila, o alcáide. Consegui informações, orientações, visão das possibilidades concretas, pois a idéia não é criar "fatos",  pois que disto o alcáide parece estar vacinado. Afinal, o Ministério Público Federal já fez mais do que isto, citando-o em ações civis públicas, e ele continua voando entre Belém e Brasília, como se fossemos apenas um aborrecido acidente de trajeto no seu percurso.

 

Ontem à noite "criei" no Twitter o troféu Enterprise. Para os que não são da geração star trek, explico: uma nave que invadia o universo e o fazia de tal forma, com absoluta arrogância e insinuação de poder divino,  que parecia ordenar que o universo é que tratasse de se organizar, pois ela era soberana.

 

Ainda que eu seja fã da série - gosto mais da velha, do que da nova geração - ´´e óbvio que o sentido do troféu não é elogioso. Tanto que minha primeira candidatura foi para a DS, esta fração do PT que assola o estado do Pará; Mas, hoje pela manhã  achei que fui injusta: a DS é minha segunda candidatura. A primeira, hors concours, é Duciomar Costa, esse impávido dano que nosso pequeno universo aceita que nos invada, sem gemer.

 

publicado por Adelina Braglia às 07:43 | link do post

 

 

Esta semana, as ruas de Belém  viram a revolta dos operários da construção civil. Fúria, mais do que revolta.
 
 
Fúria que foi combatida com veemência pela polícia e aplaudida pela sociedade, a mesma que consome os apartamentos de 2 milhões, um por andar. A mesma  que faz de conta que não há nada de estranho no "boom" imobiliário, que assola a cidade há quatro ou cinco anos. Sequer suspeita que tanta "produtividade" pode ter estranhas origens!
 
As torres de concreto, exibindo a luxúria que prometem, construídas sobre salários miseráveis e condições de trabalho insanas e ilegais, ficaram intactas.
 
Nossa solidariedade, nossa capacidade de compreender para além da fúria, essas foram definitivamente danificadas.
 
Repito este post também no Travessia.
 
 
Quem sabe assim, aplaco minha vergonha.
 
 
A letra, para facilitar:
 
Só peço a Deus
que a dor não me seja indiferente
que a seca morte não me encontre
vazia e só sem ter feito o suficiente
 
Só peço a Deus
que a injustiça não me seja indiferente
que não me esbofeteiem a outra face
depois que uma garra me arranhou esta sorte
 

Só  peço a Deus

que a guerra não me seja indiferente
é um monstro grande e pisa forte
esmaga toda a inocência da gente
 

(Solo le pido a Diós – León Gieco)

  
 
 

 

publicado por Adelina Braglia às 07:47 | link do post

 

 

O vereador Carlos   Augusto Barbosa, no Twitter, respondeu  à minha indagação sobre  como impedir que o nosso Átila-no-tucupi continue a fazer de Belém uma terra arrasada. Ação popular.

 

Por enquanto estou recorrendo ao Santo Google, já que Santo Ambrósio não parece querer cuidar das coisas terrenas. E, nos intervalos do trabalho, que nestes dias está como fogo cerrado, vou colhendo informações.

 

 

 

“1 - Lei 4.717 de 29 de junho de 1965, “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular o ato lesivo ao patrimônio público ou entidade que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

 

2 - A legitimidade da ação parte do princípio de que a Carta Magna assegura, em seu texto, a qualquer cidadão a possibilidade de propor ação popular contra atos lesivos ao patrimônio público ou  de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico cultural. Para propor ação popular se requer, antes de mais nada, que o autor seja cidadão brasileiro no exercício de seus direitos cívicos e políticos. A prova de cidadania, segundo o § 3º do art. 1º da Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1965, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

 

3 - As  condições gerais da ação popular são as mesmas para qualquer ação, isto é, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade para a causa[1]

 

4 - Os sujeitos passivos da ação, segundo o art. 6º,§ 2º da Lei 4.717/65, são: as pessoas públicas ou privadas, os autores e participantes do ato e os beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público.

 

5- A atuação do Ministério Público na ação popular é regulada pelo § 4º do art. 6º da Lei n.º 4.717/65

6 - Nós como cidadãos, somos donos do patrimônio público, e por isso devemos privá-lo dos maus administradores públicos que agem em nosso nome. Significa que têm eles o dever de agir dentro dos parâmetros da moralidade e não causar qualquer prejuízo ao nosso patrimônio, igualmente, devem zelar pelo meio ambiente e preservar o patrimônio histórico-cultural. Quando isso não ocorre, e se pratica um ato que prejudique o patrimônio público, é nosso dever como cidadão lutar para que esse ato lesivo seja anulado. Para isso, precisaremos promover uma ação popular, que terá um fim preventivo ou repressivo objetivando a anulação do ato prejudicial ao patrimônio público que será cabível também quando o ato administrativo ferir o meio ambiente ou o patrimônio histórico-cultural.”

 

 

Bem, temos o motivo – Duciomar Costa – o instrumento – a ação popular – e a vontade de honrarmos a vida.  Vamos continuar?

 

PS:  Agradeço a Gustavo Dias Oliveira (gud@bol.com.br) que disponibilizou na rede o texto do qual extraí os trechos aspeados e que dão  a régua e o compasso para  a tarefa .



[1] NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Instrumentos de Tutela de Direitos Constitucionais: Teoria, Prática e Jurisprudência – São Paulo: Saraiva, 1994.

publicado por Adelina Braglia às 20:44 | link do post
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