Sábado, 05 de Setembro de 2009
Esta semana, as ruas de Belém viram a revolta dos operários da construção civil. Fúria, mais do que revolta.
Fúria que foi combatida com veemência pela polícia e aplaudida pela sociedade, a mesma que consome os apartamentos de 2 milhões, um por andar. A mesma que faz de conta que não há nada de estranho no "boom" imobiliário, que assola a cidade há quatro ou cinco anos. Sequer suspeita que tanta "produtividade" pode ter estranhas origens!
As torres de concreto, exibindo a luxúria que prometem, construídas sobre salários miseráveis e condições de trabalho insanas e ilegais, ficaram intactas.
Nossa solidariedade, nossa capacidade de compreender para além da fúria, essas foram definitivamente danificadas.
Repito este post também no Travessia.
Quem sabe assim, aplaco minha vergonha.
A letra, para facilitar:
Só peço a Deus
que a dor não me seja indiferente
que a seca morte não me encontre
vazia e só sem ter feito o suficiente
Só peço a Deus
que a injustiça não me seja indiferente
que não me esbofeteiem a outra face
depois que uma garra me arranhou esta sorte
Só peço a Deus
que a guerra não me seja indiferente
é um monstro grande e pisa forte
esmaga toda a inocência da gente
(Solo le pido a Diós – León Gieco)